O jejum intermitente pode ser denominado como um padrão alimentar com períodos de jejum e alimentação, algo natural e saudável. É um método de emagrecimento que visa intercalar períodos de jejum com períodos de alimentação.
O objetivo é fazer com que o corpo utilize estoques de gordura e com isso haja uma perda de massa gorda. Normalmente são indicadas entre 10 a 24 horas de jejum intermitente, que pode ser feito diariamente ou em alguns dias da semana.
O especialista Juliano Pimentel, formado em medicina e fisioterapia, fala sobre os 10 principais mitos sobre o assunto. Confira abaixo:
Pular o café da manhã engorda
Intuitivamente, no caso de jejum intermitente, a maioria das pessoas acredita que não tomar o café da manhã vai aumentar a fome e, consequentemente, provocar o ganho de peso. Um estudo publicado em 2014 comparou um grupo que consumiu café da manhã e outro que fez jejum. Após um período de 16 semanas, não houve diferença de peso entre os grupos. Esse estudo mostra que não faz qualquer diferença para perda de peso, consumir ou não o café da manhã, embora possa haver alguma variabilidade individual.
Comer frequentemente acelera o metabolismo
Um dos mitos sobre jejum intermitente é que ele prejudica o metabolismo. O especialista diz que “muitos acreditam que se alimentar de três em três horas acelera o metabolismo. Em 1970, a média de refeições era de duas por dia e a obesidade era quase inexistente. Atualmente essa frequência é de seis vezes por dia. Por fim, o que importa é como os hormônios se comportam para lidar com as calorias totais ingeridas”, explica.
Comer frequentemente reduz a fome
Algumas pessoas acreditam que comer várias vezes ao dia ajuda a evitar a fome excessiva. Apesar de alguns estudos sugerirem que fazer mais refeições leva à redução da fome, outros não apresentam efeitos e mostram aumento dos níveis de fome. Pimentel explica que “não há evidência que confirma que comer mais reduz a fome para todas as pessoas. Vai depender do histórico de saúde de cada indivíduo e dos alimentos. Em contrapartida, o jejum intermitente tem relação com a redução da fome.”, comenta
“Saco vazio não para em pé…”
Muitos de nós crescemos ouvindo que precisaria comer ou passaria mal. No entanto, nenhum animal na natureza precisa se alimentar para fazer uma atividade intensa quando necessário, simplesmente por ser um caso de vida ou morte. “Nosso corpo possui uma reserva de energia incrível, mas com a rotina moderna, esses mecanismos de adaptação estão todos travados por conta de uma alimentação que joga contra nossa saúde.”, afirma o especialista.
O cérebro precisa de fonte constante de glicose
De acordo com o médico, outro mito que envolve o jejum intermitente é a necessidade de ingerir carboidratos várias vezes ao dia para que o cérebro continue funcionando corretamente. “Isso é baseado na crença que ele só pode usar glicose (açúcar no sangue) como combustível. Mas o corpo pode facilmente produzir a glicose que precisa por meio de um processo chamado de gliconeogênese. Ou seja, o corpo armazena glicogênio (glicose) no fígado para ser usado como energia ao cérebro quando for necessário.”
No entanto, algumas pessoas relatam que se sentem hipoglicêmicos quando não se alimentam por um tempo. Nesse caso, procurar orientação médica é o melhor caminho antes de adotar a prática.
Jejum coloca seu corpo em “modo de inanição”
Colocar o corpo em “modo de fome” é outro mito acerca do jejum intermitente. De acordo com as alegações, não comer faz o corpo pensar que está morrendo de fome. E, por isso, desliga o seu metabolismo e impede que queime gordura.
“É verdade que a perda de peso no longo prazo pode reduzir a quantidade de calorias que a pessoa queima. Esse é o verdadeiro “modo de fome”. No entanto, isso acontece com a perda de peso em geral, não importa o método usado. Não há evidência de que isso aconteça mais com o jejum intermitente do que com outras estratégias de perda de peso. No contraponto, estudos comprovam que o jejum no curto prazo aumenta a taxa metabólica”, comenta Pimentel.
O corpo só digere certa quantidade de proteína por refeição
Há quem diga que só podemos digerir 30 gramas de proteína por refeição, e que devemos comer a cada 2-3 horas para maximizar o ganho muscular. No entanto, isso não é apoiado pela ciência. Estudos não mostram diferença na massa muscular se a pessoa comer proteína em doses mais frequentes.
Jejum intermitente faz você perder músculo
Alguns acreditam que o jejum pode colaborar para a perda muscular. “É verdade que isso acontece com dietas em geral. Mas não há nenhuma evidência de que isso ocorre mais com o jejum intermitente do que outros métodos. Alguns estudos sugerem que o jejum intermitente é melhor para manter a massa muscular pela alteração do padrão hormonal de quem o faz”, explica o especialista.
O jejum intermitente é ruim para a saúde
Pimentel diz que esse é um dos mitos mais frequentes sobre a prática. No entanto, vários estudos mostram que o jejum intermitente traz diversos benefícios para a saúde, como a mudança da expressão de genes relacionados à longevidade e proteção contra doenças. “Traz também grandes vantagens para a saúde metabólica, como melhora da sensibilidade à insulina, redução do estresse oxidativo e inflamação e redução de vários fatores de risco para doenças cardíacas. Além disso, ajuda contra a depressão e vários outros problemas cerebrais.”, explica Pimentel.
Jejum intermitente faz a pessoa comer demais e gera compulsão alimentar
Há quem diga que o jejum intermitente não causa perda de peso porque faz com que a pessoa coma em excesso durante os períodos de alimentação. Realmente, após o jejum, existe a tendência de ingerir mais alimentos compensando as calorias “perdidas”. No entanto, o jejum intermitente reduz a ingestão alimentar global enquanto estimula o metabolismo. Também reduz os níveis de insulina e aumenta o hormônio de crescimento humano até cinco vezes.
Juliano finaliza explicando que devido a esses fatores, o jejum intermitente contribui para a perda de gordura, sendo reconhecido como uma das ferramentas mais poderosas do mundo para a redução de peso e promoção de saúde.