Não são só os adultos que sofrem com a rinite alérgica. No Brasil, um estudo do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), mostrou frequência média de 12,5% de rinite alérgica entre crianças de 6 e 7 anos. E de cerca de 20% em adolescentes com idades de 13 a 14 anos. A incidência progride até a adolescência, fase da vida em que pode afetar até 25% da população.
A rinite alérgica é uma doença não contagiosa, que pode se iniciar em qualquer período da vida, mas é pouco frequente antes dos 12 meses de idade. Os sintomas clássicos da rinite alérgica são: crises de espirros, coriza clarinha, coceira no nariz (podendo atingir também os olhos, ouvidos e a garganta) e entupimento nasal.
Fábio Kuschnir, membro do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que a rinite alérgica é uma doença herdada. Ou seja, tem origem genética, mas é necessária a associação com fatores ambientais para o seu desenvolvimento. “Um bebê cuja mãe ou ambos os pais sejam alérgicos terá aumentada de 50% a 70% a chance de desenvolver uma doença respiratória, inclusive rinite alérgica”, explica o especialista.
Os sintomas clássicos da rinite alérgica são mais evidentes a partir do quarto e quinto ano de vida. Antes dessa idade, a doença é frequentemente confundida com infecções respiratórias. Como gripes e resfriados, causadas por vírus, e que normalmente são acompanhadas por febre, sintoma não presente na rinite alérgica.
Causas da rinite alérgica
Do mesmo modo que acontece em outras doenças alérgicas de origem genética, a rinite alérgica não pode ser curada. Entretanto, seus sintomas podem ser controlados com grande eficácia e a criança pode permanecer sem sintomas por um longo período.
Os principais fatores desencadeantes de rinite alérgica são os chamados aero alérgenos domiciliares, entre os quais se destacam os ácaros, seres microscópicos cujo alimento principal é a descamação da pele humana. Nas fezes dos ácaros estão seus principais alérgenos, que são as substâncias que provocam a reação indesejada do sistema imunológico.
“As condições ideais para o desenvolvimento dos ácaros são a umidade relativa do ar (maior que 50%). Além de clima quente e úmido. Calcula-se que possam existir de 500 mil a 2 milhões de ácaros no interior de um colchão, independentemente das condições de higiene da casa”, explica Kuschnir.
Outros importantes aero alérgenos são: descamações da pele e pelos de animais domésticos, baratas e fungos. Alimentos, em geral, não causam rinite alérgica.
Tratamento da rinite alérgica
O especialista explica que o tratamento da rinite alérgica pode ser feito em qualquer idade. Quanto mais cedo o diagnóstico for definido e forem estabelecidas as causas do processo alérgico, melhores serão os resultados obtidos no controle da doença. Kuschnir cita alguns passos para o tratamento:
- Pesquisa e controle de fatores que possam causar ou agravar a doença.
- Controle dos ácaros da poeira no ambiente da casa, em especial no dormitório do alérgico.
- Uso de medicamentos, que podem ser usados para alívio das crises. Assim como como para controlar a doença e prevenir novas crises. Sempre com orientação do médico especialista.
- Imunoterapia específica (ou vacina para alergia), único tratamento capaz de modificar a história natural da doença e controlar a rinite alérgica em longo prazo.
Dicas de prevenção da rinite alérgica
No IV Consenso Brasileiro Sobre Rinites 2017, que é um documento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e a Sociedade Brasileira de Pediatria, são listadas algumas das medidas adicionais para a prevenção da rinite alérgica. Confira:
- Evitar travesseiro e colchão de paina ou pena.
- Usar travesseiros de espuma, fibra ou látex, sempre que possível envoltos em material plástico (vinil) ou capas impermeáveis aos ácaros.
- O estrado da cama deve ser limpo duas vezes por mês.
- As roupas de cama e cobertores devem ser trocadas e lavadas regularmente com detergente e em altas temperaturas (>55ºC) e secadas ao sol ou ar quente.
- Evitar tapetes, carpetes, cortinas e almofadões. Dar preferência aos pisos laváveis (cerâmica, vinil e madeira) e às cortinas do tipo persianas. Ou, de material que possa ser limpo com pano úmido.
- Evitar bichos de pelúcia, estantes de livros, revistas e caixas de papelão. Assim como qualquer outro local onde possam ser formadas colônias de ácaros no quarto de dormir. Substitua-os por brinquedos de tecido para que possam ser lavados com frequência.
- Evitar o uso de vassouras, espanadores e aspiradores de pó comuns.
- Passar pano úmido diariamente na casa ou usar aspiradores de pó com filtros especiais 2x/semana.
- Evitar banhos extremamente quentes e oscilação brusca de temperatura.
Fonte: ASBAI