A memória é uma das principais funções do cérebro e muitas pessoas só se lembram dela quando acontece a falta de memória. De acordo com o neurologista Leandro Teles, a memória não é bem uma função. “É um processo com a participação de inúmeras funções sequenciais. Para uma vivência se transformar em lembrança ela passa por uma maratona que está sujeita a inúmeras falhas, bugs e imperfeições”, diz o médico.
Atualmente, grande parte da população adulta tem queixas de memória. Nosso ritmo de vida não é propício à boa memorização: alto grau de cobrança, falta de tempo, excesso de informações, privação de sono e inúmeros problemas emocionais. “Quando o sistema fica falho, surgem os brancos, lapsos, esquecimentos, levando a constrangimento, baixa performance social, escolar e profissional.
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Pessoas esquecidas sentem-se frustradas, incomodadas, passam a confiar menos em si e desenvolvem o temor de estar diante de uma doença neurológica grave ou progressiva”, comenta o neurologista.
Como ponto de base, a fixação da informação exige uma excelente percepção, boa triagem (atenção), um adequado sistema de quantificação de relevância e organização minuciosa da informação para uma futura evocação. “Na verdade, grande parte dos problemas de memória são decorrentes de oscilações transitórias em diversos pontos dessa cadeia, motivadas por hábitos e comportamentos inadequados. E mais importante: na grande maioria das vezes não existe um processo degenerativo cerebral, principalmente abaixo dos 65 anos”, explica Teles.
Muita gente quer uma memória perfeita, mas não se dedica o suficiente para obtê-la. Se associarmos esses aspectos da vida moderna a questões clínicas, tais como distúrbios hormonais e quadros depressivos/ansiosos, explicaremos grande parte da perda de capacidade cognitiva percebida subjetivamente por muitas pessoas.
Uma boa memória exige uma vivência adequada expressa em um cérebro apto, de modo eficiente. “Uma boa vivência é aquela intensa e multissensorial, com componentes emocionais e exposta por tempo adequado. Um cérebro apto é um cérebro engajado, envolvido na tarefa, concentrado, emocionalmente estável, clinicamente saudável e treinado”, afirma o médico.
Confira algumas dicas para aprimorar sua memória:
Faça uma coisa de cada vez
O famoso modo multitarefa é muito prejudicial para o rendimento da atenção e da memória. Quanto mais atividades e informações concomitantes, maior a taxa de erros e as falhas de fixação. A melhor qualidade cognitiva é alcançada quando nos engajamos em uma única atividade mental.
Controle a ansiedade
A ansiedade é um dos maiores vilões da memorização. Pessoas ansiosas têm um foco alocado no futuro e apresentam uma tensão mental contínua que compete com informações relevantes da atividade atual. Com isso, podem ficar dispersas, com dificuldades de fixação, organização e evocação de suas lembranças.
Cuide dos seus ambientes
Ambientes com excesso de informações são prejudiciais para quem busca um bom rendimento mental. Prefira ambientes silenciosos, organizados, com decoração leve e adequadamente iluminados.
Desacelere
Uma das variáveis mais importantes para o cérebro é o tempo. Uma boa memória nasce da interação de um estímulo apropriado (intenso, relevante e repetido), com um cérebro capacitado (saudável, engajado e emocionalmente equilibrado), de uma forma adequada e com tempo suficiente. Vivências rápidas e superficiais são um prato cheio para o esquecimento.
Desligue o piloto automático
Diante de uma informação importante você precisa agir. Desligue o piloto automático e interaja ativamente com a informação. Avise seu cérebro que aquilo precisa ser memorizado. Amplifique aspectos relevantes, crie links mentais para uma futura evocação, escreva, circule, transforme um estímulo em algo multissensorial. Qualquer intervenção consciente no ato da vivência amplifica a chance desta se tornar uma boa lembrança. Quanto mais criativa, engraçada ou emocional for a intervenção, melhor.
Revise precocemente
Tudo que o cérebro viu pela segunda vez ele considera relevante. Isso é muito importante para vivências que não tiveram muito destaque ou interação no ato da primeira percepção. O melhor momento para a primeira revisão é dentro das primeiras 24 horas do primeiro contato, quando a informação ainda está acessível ao cérebro por proximidade temporal.
Durma bem
Quem você dorme mal, perde 2 vezes no quesito memorização. Primeiro que deixa de organizar as memórias do dia anterior. Segundo porque prejudica muito o nível de atenção do dia seguinte, piorando a performance cerebral. E dormir bem não é só em quantidade de horas, mas também em qualidade das horas dormidas.
Faça atividades físicas
Exercícios geram um contexto bioquímico cerebral favorável a atenção, memorização e criatividades. Os exercícios levam o corpo a produzir serotonina, endorfinas, dopamina e adrenalina. Todos importantes para o rendimento cognitivo e emocional. De quebra, reduz o estresse e melhora o sono. Do ponto de vista hormonal, a atividade aeróbica prazerosa derruba os níveis de cortisol (hormônio do estresse), que também pode atrapalhar o gerenciamento intelectual.
Atividades mentais
Um cérebro treinado e ativo é muito mais confiável. Para mantê-lo assim você precisa desafiá-lo sempre, tirando-o de sua zono de conforto, do tédio e da rotina previsível. Faça exercícios mentais, passatempos, cultive o hábito da leitura, aprenda um novo instrumento, uma língua, um novo esporte ou hobby. Faça coisas do seu cotidiano de formas diferentes, como caminhos, por exemplo. Assim seu cérebro desenvolverá cada vez mais ferramentas cognitivas para te auxiliar em momentos de maior dificuldade.